O REAL E O YUAN NA GUERRA DAS MOEDAS (EMPAREDADOS ENTRE O MAR – O DÓLAR – E O ROCHEDO – O YUAN)
Infere-se diretamente do conceito Guerra das Moedas que o dumping monetário, seja, a desvalorização constante da moeda e seu valor baixo, cotejado com as demais divisas, atribua vantagens ao estado que o faz, de tal forma que obtenha a vantagem comparativa induzida ou artificial caracterizada por Robert Triffin como o processo de “beggar thy neighboor”, ou em bom português, a dita política de empobrecimento do vizinho. Ora, isto só é possível se o estado que fizer isto for um país que seja uma autarquia econômica, seja, tenha todos os insumos básicos e agregados, produzidos internamente, sem necessidade de importa-los. Esta seria a condição ideal. No entanto são raros os países que são realmente autarquias e que não tenham dependências concomitantes de insumos simples ou agregados ou de um ou de outro somente. A China tem uma das moedas com o valor mais baixo do mundo e é um dos países que mais exporta em todo o globo. Sua vantagem comparativa inicial foi seu contingente humano e sua capacidade de conversão deste enorme contingente, o maior do mundo, através do processo educacional, para suprir a demanda do capital que teve a permissão de aterrar por lá. Isto se deu logo após a era Nixon e graças à visão deste presidente americano que, embora conhecido de forma maléfica no affair de seu impeachment pelo caso Watergate, foi o mentor da detende pacífica com os chineses e a possibilidade do estabelecimento da cisão entre o socialismo russo e o chinês. Identificadas as razões geo estratégicas de ambos os estados nacionais, os americanos, com inteligência, unidos aos seus aliados da OTAN, forneceram ao regime de Beijin (Pequim) as possibilidades para sua abertura, lenta e gradativa, através do aporte de capitais das grandes transnacionais corporações que passaram a instalar no território daquela grande nação, toda a parafernália ocidental de tecnologia, como montadoras de carros, caminhões, computadores hardware e software, brinquedos, sapatos, enfim, todos os itens possíveis de uma sociedade tecnológica complexa. O processo foi semelhante, sem medo de errar, como um plano Marshall chinês. Este processo lá encontrou mão de obra qualificada ou com facilidades de reciclar-se possibilitando a China a maior reengenharia de pessoal e de sistemas produtivos jamais vista na história recente da humanidade. Assim é que a China, pelas suas dimensões exponenciais, causa para os demais países em desenvolvimento um processo que é idêntico ao fenômeno identificado por Raul Prebisch, na escola da CEPAL, onde manifestou o condicionamento das nações subdesenvolvidas ao conceito de CENTRO\PERIFERIA. Todos os economistas, antes da sua descoberta econômica achavam que todos os países tinham um processo de desenvolvimento similar a um corpo vivo, como um ser humano ou um animal, que vai atingindo várias fases, bebe, menino, adolescente, adulto, passando por épocas da juventude à sua velhice. Acontece, e isto é a novidade de sua teoria, que os jovens ou que vem depois, sejam os países latinos ou sul-americanos, que eram o seu foco, tiveram seu desenvolvimento futuro, condicionado pelo já desenvolvimento dos países centrais do norte – EUA e Europa – que condicionaram seus crescimentos adaptando-os como meros fornecedores de matérias primas para as indústrias já desenvolvidas destes países. Assim é que a China, com a moeda baixa – dumping monetário – e com o custo social zero – pois não tem leis trabalhistas, tendo equacionado o problema de moradias e alimentação da sua população, com um contingente de bilhões de pessoas e uma diversidade relativa de insumos básicos, pode fornecer a vantagem comparativa marxista que atribui uma alta mais valia ao capital estrangeiro, pois com um custo baixíssimo, através do equacionamento do tripé custo social\trabalho, capital\moeda, infraestrutura, pode assim, potencializar ao máximo suas vantagens comparativas, ocupando um lugar de potencialização máxima do capital globalizado, seja, a China é hoje a lâmina da Patrola, por baixo, do capital monopolista, que força o processo de equacionamento, estabilização e acomodamento forçado das reais vantagens comparativas dos diversos estados nacionais frente ao condicionamento da indústria de caixa preta altamente sofisticada dos países centrais e da própria indústria destes países, agora com sede na China, que atinge vantagens comparativas que não teria se estivesse em seus países de origem – em face dos custos sociais destes países – para concorrer com as nações que iniciaram um processo de industrialização autóctone, mas, no entanto, não têm estas mesmas vantagens sociais e de logísticas da China. O Brasil é uma destas nações. Com um crescimento condicionado pelas nações centrais foi reduzido sempre a um perfil de fornecedor de insumos básicos como minérios e produtos advindos do agronegócio que ainda são os índices que definem o seu perfil de exportação. O Brasil conseguiu superar sua economia de ciclos, como era chamado, ciclo do pau-brasil, ciclo do açúcar, ciclo do café, mas ainda, de alguma forma, embora tenha atingido patamares de complexização e diferenciação em sua indústria e tecnologia, ainda assim, está condicionado a indústria dos países do hemisfério norte. Agora, com o surgimento da China, as indústrias poluentes, exportadas pelos países centrais, para o Brasil, em determinadas épocas, com a infra-estrutura remodelada e o processo de industrialização obtido pelo varguismo e o regime militar de 64, em face da estagnação desta infra-estrutura, como estradas de rodagem, estradas de ferro, portos, aeroportos, escolas, hospitais, etc, e aí, contraditoriamente, em face dos direitos sociais obtidos por estes regimes sociais democratas que criaram e mantiveram a Consolidação das Leis do Trabalho e a Previdência Social, com custo elevado frente aos países concorrentes, como a China, que faz dumping social e que não obedece aos parâmetros da OIT, embora obedeça os da OMC, fazem com que o Brasil, assim, perca suas vantagens comparativas. Desta forma, o Brasil, está emparedado entre os países com alta tecnologia caixa-preta e àqueles como a China Comunista, Taiwan, Coréia do Sul e outros, que com custo baixíssimo e amplo capital externo, colocam as mesmas mercadorias, com o mesmo tipo de perfil da incipiente indústria nacional brasileira. Ora, se baixamos o valor da moeda, para poder concorrer com a queda do dólar que possivelmente ficaria menor que a nossa moeda se não a desvalorizássemos, no entanto, persistindo na baixa, vamos criar um processo de inflação interna, gerado pelo processo de fornecimento de insumos básicos, que não produzimos na totalidade internamente ou pela suba de outros elementos, que são importados dos países centrais, ao mesmo tempo que os produtos similares com origem na China, Taiwan ou Coréia e outros países orientais, com um custo mais baixo, fazem concorrência à nossa indústria nacional. Assim, que num futuro ainda sem data, mas certo, o estado nacional brasileiro terá de sofrer um processo profundo de reajustamento que trará muita dor e sofrimento ao seu povo. O primeiro problema é o endividamento interno do país em seus três segmentos federativos, municípios, estados e união que estão sepultados por uma dívida pública que cresce desmedidamente. Não há trabalho ou geração de riquezas que possa remunerar o crescimento desta dívida absurda. A União, só para exemplificar, recebeu dos governos militares uma dívida que orçava 60 bilhões. No governo Fernando Henrique Cardozo, potencializado pelo plano Real, esta dívida foi catapultada para o valor estratosférico de 750 bilhões de reais dolarizados. O governo Lula herdou uma dívida de 1,2 trilhões que passou a sua sucessora, Dilma Roussef, para um patamar de 1,6 trilhões. Já em dezembro de 2012, para janeiro de 2013, fatalmente a dívida que, em julho de 2012, já está em 1,8 trilhões, estará na casa de 2 trilhões de reais. O Rio Grande do Sul, para exemplificar, em 1997 tinha uma dívida de 7 bilhões e assim federalizou a mesma amortizando-a a razão de 13% de seu orçamento. No entanto apesar destas providências a dívida hoje orça mais de 40 bilhões de reais. O governo Ieda Crusius que disse que saneou a estado na realidade conseguiu governar com o empréstimo de 2 bilhões de dólares obtidos no exterior. O governo atual do sr. Tarso Genro, da mesma forma, consegue sua governança, como diz, através de empréstimos obtidos no exterior. Assim é que sem o equacionamento deste problema, generalizado e disseminado com uma capilarização que atinge municípios, estados e união, não há horizontes possível para a agência de poder que é o estado nacional. Outro problema é o referente a carga tributária que foi subindo na proporção direta da dívida e para compensar este endividamento, mas, que no entanto, chegou a um limite suportável ou melhor insuportável para os contribuintes. Hoje a cidadania trabalha até maio de graça para pagar impostos. Na direção proporcional a este problema o nível de informalidade da economia aumenta através da sonegação de impostos e da desregulação ilícita pois o estado nacional não tem agentes e meios de policiar o processo de informalização e sua sinergia que agrava a crise entre contribuintes formais sobrecarregados e asfixiados por este processo de informais que demandam os mecanismos formais com os mesmos direitos daqueles que pagam estes serviços comunitários. Outro problema é o referente às leis trabalhistas, que pelo seu conteúdo de modernidade, em contraste com os regimes feudais dos países concorrentes, como China, Tailândia, Taiwan, Coréia, onde não há um sistema de direitos trabalhistas e previdenciários públicos, aumentam o custo Brasil, por este elemento de civilização, frente à incivilidade dos demais e sua concorrência predatória, fique prejudicado em seu processo de otimização da concorrência. Outro problema tão grave como os demais é o sucateamento da infraestrutura de transporte e esgotamento, portos e aeroportos, pois a perda de competitividade e a falência do estado nacional endividado, retiraram a sua capacidade desenvolvimentista para investir em estradas sejam elas de rodagem ou de ferro e meios de transporte em geral, onerando assim o custo do transporte, em face do gasto de energia perdulário que é o que redunda do transporte de carga via estrada de rodagem em detrimento das estradas de ferro e da ligação das bacias hidrográficas e da construção de navios com o aparelhamento e a ampliação dinâmica dos portos para receber e enviar mercadorias de forma mais barata. Tudo isto, com o sucateamento da educação e da saúde, que retiram através do congelamento da cultura, a capacidade de reciclagem do elemento humano dotando-o assim de cultura e ensinamentos para poder enfrentar novos desafios como o fez a China, que através de uma reengenharia e reconversão do perfil cultural de seu povo, fazendo inclusive um amplo deslocamento do mesmo do campo para a cidade, num amplo processo de urbanização e industrialização propiciaram o milagre chinês. Assim é que o conceito de Guerra das Moedas, para nós brasileiros, só pode ter um uso restrito e que irá nos safando, momentaneamente, protelando no tempo, a necessidade de um acerto profundo com relação à falta de vantagens comparativas com relação aos itens que foram tratados acima. Não podemos esperar que os chineses, ou tailandeses, ou coreanos, atribuam os direitos previdenciários e trabalhistas que seus operários não têm. Eles não farão isto. Com relação aos países centrais Estados Unidos e Inglaterra vivem num regime de total liberalismo econômico sendo que as proteções salariais são mínimas. Barak Obama recém iniciou ou pequeno sistema previdenciário e de saúde e logo, logo foi chamado de comunista pelas forças liberais como Sara Palin do Tea Party. ASSIM, NÓS BRASILEIROS, ESTAMOS EMPAREDADOS ENTRE O DÓLAR, QUE SEQUE CAINDO E O YUAN, QUE PARECE, SERIA O LIMITE DE DESVALORIZAÇÃO DO DÓLAR. A UNIÃO EUROPÉIA JÁ JOGOU A TOALHA NO CHÃO FRENTE ao problema dos seus PIGS, Portugal, Itália, Grécia, Espanha, pois estes países, que produzem só ou quase só produtos agrários como vinho e azeites, estão emparedados como Fernando Henrique ficou com o plano real e sua moeda alta que permitia só importar ao invés de exportar. A Itália é diferenciada nos PIGS pois possui uma indústria sofisticada de sapatos, roupas e maquinaria mas esta indústria foi exportada para o Brasil, v.g., Fiat, ou sofre a concorrência da grifes chinesas com os mesmos nomes italianos e franceses que fabricam lenços de seda, perfumes e maquiaria em territórios orientais que tem maior poder de competição. A Alemanha se safa e não quer deixar a moeda cair porque o que não compra fora que é o abastecimento de insumos básicos para alimentação e para geração de sua indústria, como ferro e energia, são comprados pelo alto custo de sua moeda e pela sofisticação de sua indústria caixa preta. A Guerra das Moedas fatalmente cindirá a Europa ou levará a perda dos direitos sociais dos trabalhadores dentro dos PIGS o que será terrível pois os condenará a um processo de estagnação pois nenhum capital, podendo produzir mais fora do sistema, irá imigrar para dentro para fomentar a fabricação de insumos que não tem competitividade pelo valor alto de sua moeda. Assim os PIGS, conservados os fatores condicionantes atuais, mais dia ou menos dia terão de optar pela saída da União Europeia, em se mantendo estas determinantes indefensáveis. Ora, se a Europa que é Europa resta isto, o que se dirá dos países da América Latina, como o Brasil. O PIOR É QUE TUDO O QUE EU DIGO TEM A SIMPLICIDADE DA MAIS PURA VERDADE E NÃO HÁ VISÃO PROSELITISTA POLÍTICA QUE POSSA ALTERAR A VERDADE DOS FATOS. Uma saída infame para o Brasil seria aquela de voltar para trás na história e nos transformar na ILHA DE FIDEL CASTRO usando carros americanos de 1954 e 1958, congelando o tempo, dentro da teoria marxista-leninista descoberta no século XIX, e aplicada do começo do Século XX até o ano de 1989, quando então, tudo implodiu através da queda do muro de Berlim e do colapso da URSS liderada por Gorbachov. (Isto é o que Chavez, Evo Morales, Rafael Garcia, Cristina Kirchner e os colaboradores brasileiros instalados no poder estão a querer fazer). Tenho Dito.