O DEUS HIPOTÉTICO DE L.F.VERÍSSIMO

O DEUS HIPOTÉTICO DE L.F. VERÍSSIMO
Voltando de meu exílio “espiritual” na praia de Atlântida (ironizo o espiritual pois fiquei alguns dias trancado em casa, sem energia elétrica durante algumas horas até que a CEEE calibrasse a energia do Planeta e ainda trancafiado em casa com receio das hordas de turmas e gangs de adolescentes embriagados e drogados vagando pelas imediações, fora a poluição sonora noturna que avança por quilômetros no entorno das zonas residenciais de descanso até altas horas da madrugada fazendo o vivente vibrar em cima da cama como se fosse película de autofalante – Todo mundo fala da Boate Kiss mas ninguém contempla a Kiss a céu aberto do Planeta com seus “outros perigos”!!!) abro meu jornal Zero-Hora de 18.02.2013, do mesmo grupo jornalístico RBS que faz o planeta e diviso, na página dois um verdadeira catilinária anti Deus de L.F. Veríssimo. Negando todas as orações que foram feitas em seu nome para que saísse vivo do Hospital, como saiu, parecia Friedrich Nietzsche, em Ecce Homo ou até a própria voz e verso de Zaratustra no grande poema Assim Falava Zaratustra: “Que seria de ti ó Sol/ Se não tivesses a mim/ que te contemplo!”. Ele, recém saído de um período de coma hospitalar, como Lázaro, personagem de Kalil Gibran, ensandecido por ter retornado do UNO ou do amplexo com a INFINITUDE, raivoso por ter retornado a este planeta frívolo, limitado e defeituoso, saca sua metralhadora giratória intelectual e racional contra todas as religiões, sejam cristãs, católicas, neopentecostais, judaicas e islâmicas infamando-as como fundamentalistas. Como ateu e materialista que é o que se infere de seu discurso conclui, substancialmente como Marx, “que as religiões são o ópio do povo” indo mais além, pois as caracteriza de fundamentalistas, exploradoras da crendice popular, obscurantistas e, agora na globalização, empresas e impérios transnacionais. Como aquele velho anarquista que repetia sempre que “quanto mais altas as torres dos templos de uma cidade maior é o grau de ignorância de seu povo” seu texto faz concluir sobre o grande percentual de humanos ignorantes que seguem estes intitulados Deuses Hipotéticos como cognomina em seu artigo. Fiquei com pena do L.F. Veríssimo. Não por ele ter quase morrido e ter tido a oportunidade de se encontrar e conversar com o seu “Deus Hipotético” e este ter ficado mudo e silente em seu interior, quiçá certamente morto como mostra a fotografia que revela o deserto de sua alma povoada de razões e ausente do poder da imaginação e do instinto animal inicial que pela aridez de sua palavras mostra o seu deserto interior. Não fiquei triste por isto pois sou um pobre racional que nem ele e toda hora acutilo a DIVINDADE vergastando-a com minha razão quando meu instinto e minha imaginação de ser vivo contemplam por uma porta ou uma fresta mágica de minha complexa psique a integração de meu eu, finito, com a infinitude, que também habita concomitantemente a mim em meu templo interior. Lembro-me de Honoré de Balzac que exclamava “O homem medíocre é aquele que pensa quando tem de sentir” e certamente L.F. Veríssimo me diria, com sua perspicácia e presença de espírito: O inverso também é verdadeiro!! Não fiquei triste com L.F. Veríssimo por sua opção de não crer pois este é o seu direito e sua liberdade! Fiquei triste é com sua onipotência de razão!!! Com sua falta de tolerância!! Com a sua arrogância acusadora e detratora ilimitada. Aliás eu que sempre lia L.F. Veríssimo e em razão de ter constatado sua falta de liberdade e seu sectarismo engajado, que começa dizendo uma coisa e só pode inferir outra que já se sabe, já andava meio cansado de ler suas colunas. Quando a gente vai ler um escritor, um pensador, a gente quer ler e ter, como se fosse uma surpresa, que cabe dentro da liberdade de pensamento e não ler um eco ideológico, uma repetição, um refrão que faz loas a um partido, a uma bandeira, a um governo, de forma incondicional. L.F. Veríssimo transformou-se neste lugar comum em que os leitores não vão abrir o jornal para ler sua nova coluna pois já sabem sempre como ele pensa e lá não haverá nenhuma novidade ou novo enfoque. Neste mundo as coisas não são total e absolutamente boas ou completamente e absurdamente más. É por isto que o Diabo tem este nome porque duplo e dual e assim ambiguo. Como vivemos num mundo dual onde sempre duas forças estão em luta, este mesmo embate de forças físicas e cósmicas se traduz e passa por osmose para nossa psique humana traduzindo-se em sentimentos antagônicos através de um maniqueísmo onde estão sempre contrapostos o bem e o mal. O que é bem para uns pode ser o mal para outros. Na praia todos querem que o sol impere para gozar da praia. No campo todos querem o sol mas também desejam o tempo de chuva para que além do sol haja água para as plantas. Neste mundo convivemos com a ambiguidade inerente das coisas da natureza e do homem. Sempre constato que a desgraça entra pela porta quando estamos no maior êxtase da vitória ou da felicidade. A ponta da copa do pinheiro é o seu galho e sua folha mais fraca que pode ser decepada a qualquer tempo pelo raio e pela tempestade que surge do nada dentro da transitoriedade das coisas. Assim é que as instituições humanas que cultuam as religiões que possuem grandes sistemas filosóficos em sua essência, são humanas demasiadamente humanas, e como imantadas por esta natureza, que é boa e as vezes ruim, também as idéias e seus princípios são apunhalados em certas épocas por derivações ou desvios das instituições como na Santa Igreja Católica Apostólica Romana tivemos a inquisição, e um papa Alexandre VI, chamado Rodrigo de Borgia (corruptela italiana do nome espanhol Borja de Xátiva), com toda a sua dissolução. Mas isto não é razão para que se faça toda uma GENERALIZAÇÃO atemporal englobando toda a instituição, em todas as eras, e todas as pessoas que fazem parte desta grande comunhão e estigmatizando-os de forma tão feroz com adjetivações tão ácidas como fundamentalistas, obscurantistas, retrógrados, etc.., como se vê no texto. O L.F. Veríssimo ultrapassou aqui nos pagos o escritor inglês Salman Hushdie com seus versos satânicos. O analista de Bagé deu um verdadeiro “joelhaço nos miúdos” de todas as religiões e poderia se dizer que escreveu a “prosa, artigo ou ensaio satânico” por excelência. Temos certeza, que a tolerância que brota do amor que é cerne de todas as religiões a quem ELE, o INFINITO INOMINÁVEL QUE É DEUS, se apresenta com SEUS VÁRIOS ROSTOS e VÁRIOS NOMES, nem processo analógico ao fenômeno do expectrografico onde a Luz branca infinita refraciona-se na iridescência variegada das finitas nuances e tonalidades do arco-iris traduzidas na expressão E PLURIBUS UNUM ou MUITOS EM UM (INFINITOS FINITOS NO INFINITO). A Bíblia, livro milenar é o repositório da visão da ORDEM que jaz no UNIVERSO. Temos ali um Arco Iris símbolo da aliança do “Deus Hipotético de Veríssimo” com o Homem; depois temos a Arca de Noé e por fim a Arca da Aliança! Estes três Arcos e Arcas são a descrição da ordem do universo. O prefixo ARC vem do grego ARCHÉ ((ἀρχή) Que como Diógenes de Apolônia, pré-socrático dizia seria: “Todas as coisas são diferenciações de uma mesma coisa e são a mesma coisa. E isto é evidente. Porque se as coisas que são agora neste mundo – terra, água, ar e fogo e as outras coisas que se manifestam neste mundo -, se alguma destas coisas fosse diferente de qualquer outra, diferente em sua natureza própria e se não permanecesse a mesma coisa em suas muitas mudanças e diferenciações, então não poderiam as coisas, de nenhuma maneira, misturar-se umas as outras, nem fazer bem ou mal umas as outras, nem a planta poderia brotar da terra, nem um animal ou qualquer outra coisa vir a existência, se todas as coisas não fossem compostas de modo a serem as mesmas. Todas as coisas nascem, através de diferenciações, de uma mesma coisa, ora em uma forma, ora em outra, retomando sempre a mesma coisa.” Assim é que o Arco Íris, significa em física, a difração da luz branca em várias cores que não são mais que o cumprimento de onda da luz que atravessa aquela matéria. Assim é que pela análise expectográfica podemos identificar no macro mundo ou nano mundo tanto a composição das estrelas e galáxias como, respectivamente, a composição de partículas infinitesimais como os próprios vírus. Se temos assim a composição do mundo inorgânico, com relação ao mundo orgânico a alegoria de Noé, constante na Bíblia, também mostra a outra Ordem ou ARCHÉ, que é a Vida seja ela do vírus, fronteira ambígua e menor da partícula da vida até o ser mais complexo que conhecemos que é o ser humano ou homo sapiens como ele próprio se intitula. Numa terceira ordem, quando da Arca da Aliança, identificamos NOMOS ou a LEI, que é uma criação ou identificação das formas virtuosas e harmônicas do relacionamento do ser humano em sociedade. Repetindo o verso de Nietsche em Zaratustra que cantava: Que seria de ti ó Sol/ Se não tivesses a mim/ que te contemplo!”, seria dizer que as coisas inorgânicas e orgânicas desprovidas de pensamento ou reflexão intelectiva, não têm consciência do seu ser e sua existência o que cria um terceiro mundo que é aquele que o filósofo e padre Pierre Teilhard de Chardin, cognominou de noosfera ou zona do pensamento. Lembro-me de estar passando certa vez na frente da igreja Nossa Senhora da Conceição e ter parado estupefato ouvindo a voz de tribuno romano do padre que pregava o sermão, que minha velha mãe identificou posteriormente como o padre Froner que pregava dizendo palavras que nunca mais esqueci, neste teor: “Nós somos semelhantes ao Senhor, não pela nossa imagem externa mas por esta centelha divina que trazemos inculcada no cerne de nosso cérebro, o pensamento!” É esta em suma, a visão Hegeliana da contemplação das virtudes intelectuais. Como Erasmo de Roterdã também faz em seus versos do Elogio à Loucura como se fosse o desenho da topografia da alma e de suas virtudes afiançado pelo prefácio de Santo Tomás Morus aquela da Utopia e que morreu supliciado por Henrique VIII servindo “antes do Rei, primeiro a Deus, “o Hipotético” de L.F.Veríssimo. Este padre Froner, numa cadeira de rodas, já nos seus mais de 90 anos, creio, foi o que foi até o Hospital Mãe de Deus quando lá estive internado, do dia 7 de setembro até o dia 19 de setembro, quase perdendo a vida por uma peritonite advinda de um apendicite, conduzido por minha velha mãe, para me dar a chamada extrema unção ou agora chamada benção da saúde! Foi ele ali meu confessor. Foi ali, não por isto, que tive o conhecimento do DEUS VIVO que o pobre do L.F. Veríssimo, não teve o dom ou a benesse de o ter em seu internamento na UTI do Moinhos de Vento. Foi ali que saindo meio vivo de operação em operação, foram três, que peguei um pequeno rosário abandonado junto a minha cabeceira e colocando-o com dificuldade entre meus dedos de meus braços que não tinham nem força para soerguer-se na cama, sem falar, sem pensar, simplesmente por um processo mágico de inteiração com o símbolo e sua essência que abandonei-me a possibilidade, aceitando-a totalmente, de sair deste planeta com felicidade e sem saudade alguma ou vontade alguma submetendo-me plenamente a natureza. A plena renúncia que ensina CRISTO em sua oração do Pai Nosso -“… seja feita a vossa vontade!!” A inexorável condição de transitoriedade retratada pela expressão “nós ossos que aqui estamos pelos vossos esperamos” do mosteiro de Évora tem o sinal imarcescível da verdade do ramo de acácia que hornou o túmulo de Hiran Abif.  Deus ou o HIPOTÉTICO deu-me, acredito PRORROGAÇÕES e tenho utilizado a mesma para firmar com DESTEMOR e sem MEDO ALGUM os valores das LEIS MORAIS que estão impregnadas na nossa CONSCIÊNCIA. É frente este templo que Sêneca adivinhou em Cartas à Lucílio e que os construtores da Faculdade de Direito da Universidade Federal, no longínquo tempo, afixaram no frontão da mesma em letras garrafais para a eternidade dos homens: RES SEVERA VERUM GAUDIUM! Que, em suma, traduzem também outro adágio escrito no frontão do Templo de Delfos: Nosce te ipusum (γνῶθι σεαυτόν – gnōthi seauton) Conhece-te a ti mesmo. Conhecendo a si conhece-se o outro em sí ou, como quer o L.F. Veríssimo, o HIPOTÉTICO EM SÍ. Em verdade, em verdade, temos que ser verdadeiros estóicos para sopitar os excessos e a intolerância tanto dos religiosos fanáticos, como não negamos com L.F.Veríssimo que os há, mas também não negamos que há também, da mesma forma e na mesma proporção ateus racionais e materialistas intolerantes, sectários e de índole tão ditatorial e excludente como aqueles que querem apostrofar. Lamentavelmente tenho dito. Penso na filosofia fonética de meu pai: Caum…caum…ou cada um, cada um…ou ainda…deixe viver e viva!!! Lembro-me de Aldous Huxley, em sua obra, Los Demonios de Loudum, que analisando os processos de sectarismo religioso do medievo chegou, por analogia, a exorcização dos processos análogos de radicalismo ditatorial político que, através do sectarismo, perseguiam e matavam seres humanos em nome da razão!!! A tolerância há de imperar não só sobre a RELIGIÃO mas também sobre a RAZÃO para que a FRATERNIDADE possa aceitar as IDIOSSINCRASIAS próprias dos vários expectros de razões (almas ou pensamentos) que representam os diferentes seres humanos. A disseminação da simetria e a imposição da razão não deixa de ser o mesmo DEUS HIPOTÉTICO que tanto ironiza o escritor!! Portanto, como os hippies digo PAZ e AMOR para todos, tanto religiosos como ateus e agnósticos. Vivam e deixem viver! Chega de estados Teocráticos como chega também de estados RACIONAIS, como os marxistas e hitleristas, como querem com suas razões excludentes e totalitárias!!! O Brasil proclamou a república em 1889 mas ainda permanece em plena monarquia e isto pode ser comprovado também pela RAZÃO HIPOTÉTICA que demonstra que inúmeros filhos e netos de políticos, escritores e grandes homens, continuam monarquicamente a ocupar por herança os lugares de seus pais, tendo o respeito da sociedade civil, esquecendo-se que estes ascenderam aos lugares onde estiveram com muita humildade e tolerância. Assim, deveriam temperar o respeito que temos por sua herança “genética” com a temperança e a serenidade em suas palavras, de seus pais e avós, que foram causas das suas distinções entre nós.

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