MENSALÃO COM FILÉ DE LINGUADO AO MOLHO DE CAMARÃO

MENSALÃO COM FILÉ DE LINGUADO AO MOLHO DE CAMARÃO

Zero-Hora publicou em 17.12.2012, pág.15, sob o título Encontro, a notícia do almoço oferecido por Carlos Araújo, ex-marido de Dilma, com a presença do Prefeito eleito de Porto Alegre, José Fortunati, no sábado próximo passado, ao condenado pela Suprema Corte como chefe do Mensalão, José Dirceu. O possível opróbrio do adágio popular “dize-me com quem andas e te direi quem és” foi suprimido pelo anfitrião e pelo ilustre conviva atualmente prefeito. Na própria coluna de Zero-Hora, onde está implantada esta notícia, vem como adorno um chapéu com vistoso penacho que diz, reforçando a matéria de página inteira do mesmo jornal (pág.8 – da Política), que em 2014, quando haveria novamente eleições para Presidente, deputados e senadores, Lula e Dilma venceriam no primeiro turno, conforme dados da Data Folha. Ora, seria esta a lógica da hegemonia que teria suprimido os possíveis escrúpulos do anfitrião e conviva ilustre?! Fui educado numa sociedade impregnada pela razão e lógica aristotélica. Dela decorrem os princípios da identidade, da não contradição e princípio do terceiro excluído. Em suma, dentro deste raciocínio, uma mesma coisa não pode ser e não ser ao mesmo tempo. Como jurista se um sujeito é condenado ao crime hediondo de na condição de Ministro de Estado, usando verbas públicas, desviá-las para comprar o voto de deputados no Legislativo, adulterando o princípio republicano, isto é altamente reprovável e desta forma, num primeiro momento, antes do pagamento da pena, o criminoso tem de sofrer um processo de conscientização, pela repulsa dos honestos, a conviver com o mesmo. Esta repulsa ao convívio com a desonestidade é o padrão de conduta plausível do ponto de vista ético para um cidadão probo e honesto. Pessoas públicas têm de demonstrar este tipo de identificação pública, com estes valores, publicamente. Mesmo Cristo na cruz, entre dois ladrões, utilizou, no possível o princípio de lógica aristotélica, pois aquele que não era ruim foi perdoado. José Dirceu nem bem foi condenado e está como o ladrão ruim, que não aceita a sentença e ainda zomba dos juízes e da sociedade. Mas Carlos Araújo e Fortunati não usaram a lógica aristotélica e a substituíram pela nova lógica inclusiva de Deleuze e Guattari, explanada na obra de 5 volumes, Mil Platôs, Capitalismo e Esquizofrenia. Nesta obra, segundo Renata Lima Aspis, “há uma constante na forma de análise: a partir da explicitação de duas proposições disjuntivas (ou isso ou aquilo), cujos termos se negariam mutuamente impossibilitando uma relação, admitir que haja um movimento de inclusão onde a disjunção englobaria uma possível conjunção. Veja-se que, na lógica, na nossa lógica, toda disjunção é exclusiva, não há relação entre os termos que se opõem sendo um a negação do outro. Esse conceito, reconhecido operador da filosofia deleuziana, chamado de disjunção inclusiva (ou síntese disjuntiva), no entanto, propõe uma disjunção onde não haja exclusão.
“(…) as duas proposições só cessam de se excluir no ponto exato em que sua disjunção é suprimida (…) a não-relação torna-se uma relação, a disjunção, uma relação”.(ZOURABICHVILI, 2004, pp. 103/104).
Talvez, o que se queira dizer, e que explicitamente se diz (DELEUZE e GUATTARI, 1996, p. 90) é que não basta opormos os termos, que é o que a lógica do normal faz. Pois os dois são, sim, distintos, mas ao mesmo tempo inseparáveis, eles se embaralham um com o outro, um no outro. Eles têm naturezas diferentes e são opostos, mas coexistem em um movimento constante de tornar-se o outro, de mútua passagem de um ao outro.
“Se elas (as duas segmentaridades de que estão falando: a flexível e a endurecida) se distinguem, é porque não têm os mesmos termos, nem as mesmas correlações, nem a mesma natureza, nem o mesmo tipo de multiplicidade. Mas, se são inseparáveis, é porque coexistem, passam uma para a outra, segundo diferentes figuras (…) sempre uma pressupondo a outra”(DELEUZE e GUATTARI, 1996, p. 90). (A lógica de Deleuze, a formação de jovens e o ensino de filosofia – Renata Lima Aspis – Segunda Renata Lima Aspis, autora do texto grifado acima, a ótica de Deleuse seria a lógica da complicação (co-implicação) ou a lógica irracional ou ainda, da disjunção inclusiva. Assim, chegamos a uma conclusão sobre o convite de Carlos Araújo e a anuência, como conviva, do Prefeito Fortunati, participante do repasto, almoço onde serviram “filé de linguado ao molho de camarão e salada de maionese feita com ovos caipiras”. Eles aceitaram a lógica do complicação ou co-implicação ou ainda a lógica irracional ou ainda a disjunção inclusiva, incluindo, entre eles, o condenado pelo Supremo, José Dirceu!!! Antes mesmo que o condenado se redima de suas penas após cumprida a prisão que o redimiria da pecha e da exclusão, que eles como cidadãos livres que são podem fazer ou não fazer ao seu talante pois homens livres, mas que eu, NÃO O FAÇO E NÃO FAREI por possuir uma lógica exclusiva dos crimes, principalmente os hediondos executados contra a Democracia e a República!!!! Quosque tantem Catilina, abutere patientia mostra!!!

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