NIVELANDO POR BAIXO OU A IGUALDADE ENTRE PETRALHAS E TUCANALHAS – DA SÉRIE RECORDAR É VIVER – ESCRITO EM 2004

NIVELANDO POR BAIXO

 

                   O que Fernando Henrique não conseguiu fazer veio Lula e fez. As justificativas de um e de outro, em termos de proselitismo político formal, são diferentes. Liberalismo e Socialismo, respectivamente, são os rótulos dos seus discursos diferenciados. Em termos práticos, no entanto, desigualam-se somente na obtenção dos resultados. O que um não conseguiu o outro está conseguindo: a proletarização total do povo. Se esta era um efeito resultante da política neo-liberal do primeiro, FHC, agora, passa a ser um objetivo fruto da convicção socialista do segundo, Lula.

  1. Engels, catalogava entre os proto-socialistas os chamados levers (niveladores) e esta matriz do pensamento socialista foi coroada pela fórmula de Vladimir Ilitch Lênin (O Estado e Revolução): “De cada um segundo sua capacidade, para cada um, conforme sua necessidade”. Não cabe aqui discutir a adulteração do brocardo de Saint Simon: “A cada um conforme sua capacidade, a cada capacidade, conforme sua obra”. Unicamente, pode-se afirmar que a igualdade, embasada no princípio da necessidade leninista, sem o princípio do estímulo ao mérito, simoniano, causou a ruína e o colapso atestado pela Glasnost e a Perestroika da era Gorbachev, resultando na implosão do império soviético. O testemunho, neste sentido, dos tovariks(camaradas) publicados nos autos de devassa autocrítica da revolução, nos anais da Academia de Ciência Soviética, corroboram as críticas, no mesmo sentido, da ultra-liberal Ayn Rand em sua obra Atlas Shrugged (Quem é John Galt – em português).

                   Mas os socialistas, atualmente no poder, não querem saber de lições da história. Para eles interessa a práxis: A implantação da igualdade material totalitária, embasada na satisfação das necessidades, com a abolição do princípio do mérito. É isto que está agora se implantando no Brasil. O modelo socialista de Lula, pasmem ante o paradoxo, é o coroamento do modelo neo-liberal de FHC. De um lado, a concentração usurária do capital financeiro – nunca na história brasileira os bancos lucraram tanto turbinados por juros tão estratosféricos –  no centro a classe média em extinção e no outro lado a proletarização cada vez maior. O consolo da classe média é estancar no fundo do fosso social cuja fronteira retórica  é o limite da Fome-Zero.

                   Parodiando o Pastor Martin Niemoller cantaríamos assim: “Primeiro foram os produtores rurais chamados todos de latifundiários; depois foi a vez dos funcionários-públicos congelados e ridicularizados com a oferta de 1%  foram todos nivelados pelo teto previdenciário; depois vieram os aposentados depois de pagar a cota da vida deveriam pagar a cota da outra vida, não escapando ao socialismo, pois lá, com mérito ou sem, todos se igualam na morte; depois vieram os médicos, dando tudo de sua capacidade, obrigados a trabalhar de graça pelos socialistas municipais; vieram os micro, os pequenos e os médio empresários, condenados a falência pelo custo  decorrente dos juros; vieram os trabalhadores procurando por seus valores perguntaram aos senadores que fim levou o Paim; vieram os liberais transformados todos em profissionais iguais; vieram os consumidores e já eram  neo-devedores; e todos foram nivelados e devidamente exorcizados sob o epíteto de corporações; quando chamei pelo governo, ele não existia mais, de refém da dívida tinha sido tragado pelo vórtice dos juros. Chamei e não havia mais ninguém. Restou somente o Neo-Governo do FMI, dos Bancos e das administradoras de cartão de crédito.” Esta é a radiografia do atual estágio do Paradoxo-Nacional. Quosque tandem Catilina abutere patientia nostra. PROF. SÉRGIO BORJA – Cientista Político

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