A INVASÃO DO ACRE (Oriundos do Haiti e sobre o racismo!)
Não se trata aqui da guerra de independência do Acre da Bolívia que foi declarado território brasileiro depois de muita luta do herói gaúcho Plácido de Castro. Assis Brasil e Rio Branco auxiliaram que pelo Tratado de Petrópolis, de 1903, o Acre tivesse incorporado seu território ao Brasil. Trata-se na realidade da grande corrente migratória oriunda do Haiti, onde as forças nacionais, por delegação da ONU, cumprem missão já bastante longeva e cara. Dizem as más línguas que um contingente de mais de 50.000 pessoas oriundas desta nação dilacerada do Caribe, vergastada por terremotos e profunda pobreza, buscam, devidamente tutelados por “coiotes”, imigrar para as terras do Brasil escolhendo o Acre como trampolim para o território nacional. De lá vem para o sudoeste e agora também para o Rio Grande do Sul. Esta situação gera um dos maiores paradoxos com relação ao centro da grande discussão que grassa no núcleo duro e crítico do que se convencionou tratar de racismo!!! Por que estas pessoas, todas elas descendentes de ex-escravos negros trazidos da África, não optaram por voltar à África?! Quando vejo milhares de imigrantes, todos eles de origem negra ou colorada, atravessarem em embarcações precárias o Mediterrâneo, me questiono da mesma forma: Por que lá e aqui, da mesma forma, com tantas denúncias de racismo cometidas pelos brancos sujos e dominantes, estes imigrantes, conscientes disto tudo largam tudo fugindo da guerra, da injustiça, da morte, dos estupros, da selvageria, do ódio racial entre suas próprias tribos de mesma cor, para viver entre os brancos sujos e racistas?! Eu sou um mestiço. Meus ascendentes se utilizaram de um adágio milenar que dita que se não podes contra teu inimigo une-te a ele. Meus ascendentes se utilizaram de uma regra imemoriável que é aquela invencível lei de atração entre os opostos e que nasce da provocação do belo ante o belo!! Sou fruto desta paixão tropical! Trago escondido em minha altura e minha pálida tez exógena dominante um oceano endógeno genético, com muito orgulho de brasileiro da gema, que me titulam a discutir esta questão hoje candente aqui e lá e acolá. Nos Estados Unidos, revoltas eclodem por todos os lados, contra a truculência dos policiais brancos, enquanto que, paradoxalmente, seu presidente, o querido Obama, é um mestiço, como eu, com a diferença que seu exógeno é afro-dominante!!! Na Europa a invasão colorada que cruza o Mediterrâneo em parcas embarcações e aqui, na América do Sul, os ex-descendentes negros de escravos, falando um dialeto francês, aos milhares buscam, agora com suas famílias, um lar onde seja possível trabalhar e criar uma família com ordem e em paz!!! Sou daqueles adeptos de que inexiste racismo!! Para mim o racismo não é outra coisa se não a deformação sociológica de um preconceito social de origem!!! A mútua atração sexual entre os opostos que rege a essência do amor e da paixão afiança minha afirmação, que tenho certeza, não é solitária!! Escandinavos, que nunca tiveram escravidão ou, onde nunca houve a institucionalização social deste tipo de degradação humana, com alta flexibilidade absorvem e propiciam a lei da mútua atração entre os sexos e etnias diversas!! É patente o gosto guloso das escandinavas pelos machos alfas afros e vice-versa!!! Eu, sou fruto desta atração invencível que desfaz conveniências e medos e pula o muro, derruba convenções e entre os gemidos e beijos, atolados entre os lençóis, nas praias, esfolando os joelhos contra a grama, deliciam-se na construção dos arrebóis mestiços do arco-íris libertário do futuro ali gestado na alcova natural do amor!! Todos estes sinais enterram vivos, contestam com candência, a voz daqueles racistas ao inverso, que criam o lema racista, para blasfemar contra a lei maior da harmonia social, da simpatia, do amor e da superação da diversidade pela soma da miscigenação do próprio eu nesta mistura com o outro que gera o nós no entre si!!! Tenho certeza, que a busca dos haitianos, que serão bem recebidos por nós e que daqui para frente na corrente do tempo seremos nós todos juntos e simplesmente humanos, encontrará no Brasil, a enzima catalizadora de nossa união racial!!! Olhando imerso e preso na ótica “racista” tenho receio é da reação dos próprios inversos “racistas” pois estas novas correntes migratórias não virão tirar os cargos e lugares dos brancos sujos e das zilitis, mas, imerso e preso, dentro da ótica de visão que força a visão racista vêm, os haitianos, concorrer exatamente disputando o trabalho dos seus semelhantes, que sociologicamente ocupam a base da pirâmide social. Ironicamente, identificáveis, pois não sujeitos ao melting pot ou ao liquidificador de miscigenação racial através dos anos, são mais crioulos do que nossos crioulos, que já desbotaram!!! Lembro-me da entrevista com célebre diplomata feita por Miriam Leitão que, convivendo com um americano no Rio, por algumas semanas, este ao cabo da viagem afirmou que no Brasil éramos todos negros! O embaixador não tinha esta percepção pois era mestiço latino e estava imerso nesta realidade sem notar! Lembro-me de um baile que fui nos grotões da serra do Caverá, na fronteira gaúcha, havia uma pessoa isolada que não podia entrar na sala de terra batida onde o pó levantava sob o sarandeio de pés e de voltas de saias no baile que atravessava a madrugada. Eu surpreso, perguntei: Por que ele não pode entrar no baile e tem de ficar na cozinha?! Eles me responderam silentes e convictos: Por que ele é negro!!! Eu fiquei além de aparvalhado chocadíssimo pois todos que estavam ali, éramos todos negros, uns menos ou mais! Nós todos éramos mulatos uns mais abrancados de susto como eu, mas éramos todos mestiços e negros, mas o que era mais negro e puro entre nós, era estigmatizado entre a comunidade como sendo negro, embora todos nós, a critério de brancos, o fôssemos!!! Paradoxo dos Paradoxos! Assim é que tenho plena convicção que o racismo na realidade é um preconceito sociológico de origem e não uma postura que deflua da cor da pele ou de uma repulsa por esta ou pela cultura ou etnia!!! Quem de vós, já de mim não posso falar por que sou um mestiço “dominante”, dos que pensam ser branco sujo dominante e na realidade não são! Mas quem de vós, brancos puros dominantes, deixaria de receber Pelé, Joaquim Barbosa, José do Patrocínio, Cruz e Souza, em sua casa, como comensais?! Tenho certeza de que quase ninguém!!! A não ser um pretenso sociológico e preconceituoso “racista” que não é mais do que um caso patológico de ideologia mal digerida ou fruto de uma profunda patologia psíquica que Freud explica!! Recalcado barbaridade tchê! Como se diz aqui no Rio Grande! Provando que tudo não passa de um longo equívoco de vício de origem que o tempo, irmão maior da humana condição, polirá com sua luva macia dando todo o brilho iridescente! Portanto, vinde a nós hermanos ou fréres haitianos!!! Ah, ia esquecendo de convidar meus amigos para o vinho da noite: “O Obama é hoje meu convidado!” (Eu não teria casa, nem local suficiente, para àqueles brancos sujos e racistas ideológicos, lutando preconceituosamente uns contra os outros – engalfinhando-se em vias de fato e disputando serem comensais à minha mesa!!! Tá podendo o véinho né?!)